segunda-feira, março 09, 2009

CONCURSO: QUAL DAS GÉMEAS MENTE MAIS?




Carolina Salgado apanhada em contradições no "caso envelope"


A ex-companheira de Pinto da Costa, Carolina Salgado, foi hoje ouvida pelos três advogados da defesa na quarta sessão do julgamento do "caso envelope", que decorre no Tribunal de Gaia, tendo sido confrontada com várias contradições nos seus testemunhos sobre o alegado caso de corrupção que envolve o presidente do FC Porto. À saída, tal como na semana passada, voltou a ser insultada pelos presentes.

Carolina Salgado foi confrontada com as incoerências entre as declarações que fez na Polícia Judiciária, na fase de instrução do processo e agora no julgamento. Um das principais contradições que o advogado de Pinto da Costa, Gil Moreira dos Santos, apontou está no montante que acusa o dirigente do FC Porto de ter pago ao árbitro Augusto Duarte para favorecer o seu clube num encontro com o Beira-Mar, que remonta a 2004.

De acordo com Carolina Salgado, dois dias antes do jogo, o árbitro - que foi hoje pela primeira vez ao tribunal mas optou por não prestar declarações - terá ido a sua casa encontrar-se com Pinto da Costa. Contudo, as versões sobre o encontro não coincidem: a 30 de Novembro de 2006 Carolina disse ter visto o seu companheiro dar um maço de notas a Augusto Duarte num montante entre os 2500 e os 3000 euros. Em Janeiro de 2007 falou num envelope com 2500 euros e dois meses depois garantiu que foi o próprio Pinto da Costa que lhe disse a quantia exacta e que colocou o dinheiro no envelope à sua frente.

Um outro problema no discurso de Carolina Salgado está na relação que tinha com Augusto Duarte e com o também árbitro Martins dos Santos. No seu livro Carolina escreve que eram "visita frequente" na sua casa e do ex-companheiro mas no julgamento disse que eles só tinham lá ido uma vez. Carolina explicou que no livro usou uma "força de expressão".

O terceiro problema está nos intervenientes no encontro onde terá sido trocado o envelope. De acordo com Carolina além si, de Pinto da Costa e de Augusto Duarte estava presente o empresário de futebol António Araújo. Numa primeira versão assegurou que tinha estado sempre presente. Depois admitiu ter-se ausentado para fazer café mas desvalorizou o facto. Na fase de instrução disse não ter estado permanentemente na sala e no testemunho na PJ garantiu ter estado sempre no corredor. Hoje, Carolina Salgado explicou que "o corredor faz parte da sala".

Uma outra incoerência está na altura em que terá sido trocado o dinheiro: primeiro Carolina disse que Pinto da Costa entregou o envelope e só depois pediu o favorecimento. No entanto, numa outra versão disse que primeiro foi feito o pedido para beneficiar o FC Porto e que só mais tarde foi dado o dinheiro. Agora assegura que o tema esteve presente durante toda a conversa.

Corrupção desportiva activa e passiva

O Tribunal de Gaia iniciou na passada terça-feira o julgamento do presidente do FC Porto, Pinto da Costa, e de mais dois arguidos no âmbito do chamado "caso do envelope", um processo do "Apito Dourado" relativo ao jogo Beira-Mar/Porto. Jorge Nuno Pinto da Costa e o co-arguido António Araújo - um empresário de futebol - estão pronunciados pelo crime de corrupção activa desportiva. Ao árbitro Augusto Duarte é imputado o crime de corrupção desportiva na forma passiva.

O julgamento ocorre cerca de um ano depois da juíza Anabela Tenreiro, do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto, ter decidido, num despacho de 50 páginas, que o caso iria mesmo à barra judicial. Este processo reporta-se ao encontro Beira-Mar/FC Porto, da 31ª jornada da Superliga de 2003/2004, que foi realizado em 18 de Abril de 2004 e terminou com um empate sem golos.

Dois dias antes daquele jogo, o árbitro Augusto Duarte e António Araújo visitaram Pinto da Costa na sua casa na Madalena, Gaia. O presidente portista terá alegadamente dado então um envelope com dinheiro ao árbitro, acusa o Ministério Público. O montante em causa seria 2500 euros, segundo afirmações de Carolina Salgado, repetidas já no TIC do Porto, num depoimento que a juíza de instrução acabou por credibilizar.

Na sua decisão instrutória, a juíza de instrução Anabela Tenreiro desvalorizou o argumento de falta de credibilidade da testemunha Carolina Salgado, cujo depoimento serviria, na tese das defesas, apenas para se vingar e humilhar publicamente o ex-companheiro. O processo, que chegou a ser arquivado pelo Ministério Público de Gaia, foi reaberto pela Equipa de Coordenação do Processo Apito Dourado (ECPAD), liderada pela magistrada Maria José Morgado, e a acusação foi deduzida em 19 de Junho de 2007.

O processo "Apito Dourado", que incluiu investigações a alegados casos de corrupção e tráfico de influências no futebol profissional português e na arbitragem, foi desencadeado a 20 de Abril de 2004 com a detenção para interrogatório de vários dirigentes e árbitros de futebol.


Mas já está em preparação outro filme neste brilhante concurso:


Irmã de Carolina pode recuar e virar-se contra Pinto da Costa

Ana Salgado tem mantido encontros com o MP e já falacom a irmã, que acusou de mentir no caso do "envelope"


Ana Salgado pode vir a alterar o seu testemunho no Apito Dourado e desmentir as denúncias que fez contra a irmã - com quem já fala - e sobre a investigação. Para já, tem tido encontros informais com o Ministério Público.

Nos últimos dias, as irmãs, até recentemente desavindas, têm intensificado contactos. E, de acordo com informações recolhidas pelo JN, até já terão ocorrido conversas com pelo menos um magistrado ligado à Procuradoria Geral da República (PGR).

Em causa está uma investigação, iniciada em 2007 por ordem do procurador-geral da República, sobre o teor e as circunstâncias do depoimento da gémea Salgado, no DIAP do Ministério Público do Porto.

Verificou-se, desde então, uma ruptura no relacionamento entre as irmãs e mesmo entre Ana e o pai, Joaquim Salgado, por causa da "traição" à família. Mas, nos últimos meses, as gémeas Salgado têm vindo a reaproximar-se e, ao mesmo tempo, tem sido levantada a possibilidade de Ana Maria Salgado alterar o teor do seu depoimento, até agora favorável a Pinto da Costa (ver caixa) e altamente descredibilizante para Carolina.

Ao que apurou o JN, nos últimos dias têm havido contactos, ainda informais, que reforçam essa hipótese. Tudo terá começado a desenhar-se no fim-de-semana prolongado de Carnaval, altura em que Ana Maria e Carolina Salgado fizeram as pazes. O encontro terá sido em Cabeço de Vide, no Alentejo, onde a "ex" de Pinto da Costa vive agora com o seu novo namorado.

Há uma semana, no Tribunal de Gaia, no início do julgamento do chamado caso do "envelope", em que o dirigente do F. C. Porto é acusado de corrupção desportiva, verificou-se um encontro público em que as irmãs voltaram a falar. Mais tarde, já depois de Carolina ter sido agredida à porta do tribunal, voltaram a encontrar-se. Mas antes disso, Ana Maria transmitiu ao tribunal, através de um agente da PSP, que não se encontrava em "condições emocionais" para prestar depoimento, pedindo, por isso, dispensa. O desejo acabou por ser satisfeito, sexta-feira passada, pelo advogado do líder do clube azul-e-branco, que prescindiu do seu testemunho.
Ana tinha sido arrolada por Pinto da Costa e esperava-se que dissesse em tribunal que Carolina lhe confidenciara que não sabia o que estava no envelope e não ouvira a suposta conversa entre Pinto da Costa e o árbitro Augusto Duarte, na residência do presidente portista.

Todavia, o facto de o testemunho ter sido prescindido não significa que tenham acabado eventuais problemas para Pinto da Costa. Precisamente porque está ainda pendente o inquérito da PGR que procura investigar vários episódios ocorridos à margem do Apito Dourado.

O JN sabe que, neste inquérito, uma das preocupações tem sido a averiguação do património e condições de vida de Ana Maria Salgado, antes e depois do depoimento. Principalmente porque Carolina afiança que a irmã sempre viveu sob dificuldades com o marido e filhos, tendo necessitado várias vezes da sua ajuda financeira. Por essa razão, Carolina já chegou a dizer publicamente que a sua irmã foi "comprada" por Pinto da Costa. Ana Maria vive, com a sua família, numa vivenda arrendada em Famalicão. Antes disso, fundou, com o marido, uma empresa no ramo da canalização e pichelaria.

Se se concretizar o volte-face e vier a afirmar ter faltado à verdade, fica-se na expectativa sobre a explicação fornecida por Ana Maria para a prestação, inicial, de depoimento favorável ao presidente do F. C. Porto. De qualquer modo, seja qual for a versão verdadeira, a gémea Salgado deverá também ser alvo pelo menos de um processo por falso testemunho. Até ao momento, foi acusada de difamação, na sequência de duas queixas - da procuradora Maria José Morgado e do inspector da PJ, Sérgio Bagulho.



Lá vai ter a Leonor Pinhão de escrever um terceiro livro...:-))))