terça-feira, março 11, 2008

AQUI ESTÁ UM FACTOR DE MOTIVAÇÃO




Atropelando critérios como o facto de a vitória valer agora três e não dois pontos ou de haver nesta altura 30 e não 38 jornadas, o que condicionaria decisivamente as contas da comparação, sobrou da primeira passagem de Ivic pelo FC Porto uma vantagem histórica de 15 pontos sobre o segundo classificado. Contacto por O JOGO, o treinador croata não se admirou com a actual vantagem gorda dos portistas e, também ele descontando a impossibilidade de haver uma comparação completa entre as duas épocas, por causa da tal incompatibilidade de critérios, desafiou o actual plantel a bater essa marca dos 15 pontos de diferença na soma da parcela final. Mesmo que os tempos sejam outros e as contas não se façam da mesma maneira, Ivic acha que os 14 pontos actuais podem ditar uma diferença ainda mais folgada no final da prova.

"Sinceramente, espero que o meu recorde seja batido. Não me incomoda nada que isso aconteça. Para mim, será um orgulho, porque o FC Porto é sempre o FC Porto. Aliás, podia até ganhar o campeonato com mais 15 pontos que não me importava nada"


Ou seja, somado esse desejo, daria uns improváveis 30 de avanço. Contas simpáticas e bem humoradas as do treinador croata, agora responsável pelo departamento de formação do Standard de Liège.

Seja em 1987/88 ou agora, 20 anos depois, mantém-se a explicação para a cadência de resultados positivos dos portistas, em contraponto com as conquistas da concorrência. Ivic, que também passou pelo Benfica, explica os traços fundamentais onde assenta o domínio dos dragões.
"O FC Porto tem uma estabilidade criada pelo seu presidente. O Benfica já experimentou várias direcções e inúmeros treinadores e isso só tem perturbado a equipa. Os presidentes são como os jogadores e, como Pinto da Costa, não há igual na Europa. Ele sabe escolher os jogadores, formando uma equipa forte, e pegar num simples treinador e fazer dele um técnico de classe mundial. Exemplos não faltam", garante.


Revisitando as memórias desse passado já distante, recuperado agora na recordação de uma vantagem que se tornou histórica, o croata lembrou a qualidade dos jogadores que lhe permitiram vencer o campeonato tranquilamente na primeira passagem pelo clube.
"Quando venci o campeonato com 15 pontos de avanço, tinha uma das melhores equipas do Mundo, que praticava um futebol de outro planeta. E não eram só os jornalistas portugueses que o diziam. Já nessa altura tinha jogadores que não ficam a dever nada a alguns dos melhores da actualidade, com classe suficiente para se afirmarem no futebol moderno", sublinha, ainda entusiasmado com a inesperada hipótese de recordar esses tempos.


O que ainda surpreende Ivic, decorridos todos estes anos, é o facto de a concorrência andar distraída e não conseguir perceber o segredo que faz dos portistas uma das equipas com mais títulos na Europa.
"O que me espanta não é o FC Porto estar onde está, mas os outros não serem capazes de acompanhar a evolução do futebol para crescerem ao mesmo ritmo", frisou.


in OJogo