sábado, fevereiro 23, 2008

É ASSIM MESMO,PRESIDENTE





"Não pode haver dois critérios: testemunha credível quando diz mal de mim e não credível quando confessa crimes"


“Os meus processos foram todos arquivados por vários magistrados de diversas comarcas. Os três que foram reabertos devem-se ao livro de Carolina Salgado. Mas se a própria autora se confessa como mandatada para praticar actos que considero repugnantes, como o caso Bexiga, processo que também foi arquivado, que credibilidade tem o Ministério Público nestes casos. Recordo que o próprio procurador-geral disse há tempos que não sabia se o seu telefone estava sob escuta. Isto é inacreditável, pelo que não há confiança democrática no Ministério Público. Aliás, bastou-me ler na revista ‘Visão’ que o dr. Saldanha Sanches [marido de Maria José Morgado] avisou Ferro Rodrigues de que ele estaria envolvido no caso Casa Pia, acabando por ser recebido pelo dr. Saldanha Sanches acompanhado da esposa. Isto é incrível. Não quer dizer que não acredite na Justiça, mas há coisas verdadeiramente inacreditáveis”.

Sobre o caso Ricardo Bexiga, Pinto da Costa atalhou logo o assunto: “Não o conheço nem ele a mim. O próprio acto de agredir alguém repugna-me. E repugna-me ainda mais que se possa pensar que eu tivesse encomendado o serviço. Foi a jornalista Felícia Cabrita que me contou o caso e eu ri-me às gargalhadas. Mas logo me garantiu que tinha provas de que eu não estava envolvido. Carolina Salgado também não conhece o sr. Ricardo Bexiga. Se é verdade que ela o mandou agredir, então tem de ser punida. Se não foi o caso, que credibilidade tem ela?”, questionou.

"o FC Porto não está interessado em Cristian Rodriguez"

Voltou a afirmar que não tem “nenhuma relação, nem espero vir a tê-la” com Luís Filipe Vieira, acusando o presidente encarnado de estar por trás do livro de Carolina Salgado que motivou a reabertura de processos pela procuradora Maria José Morgado. “Houve contactos entre ele e Carolina, isso é claro”.

"Luís Filipe Vieira foi inimigo neste caso(...) Ainda não tinha saído o célebre livro e já Hermínio Loureiro me tinha dito que, no Sul, estavam muito esperançados nele"

Pinto da Costa considera que o FC Porto “está muito forte”, mas avisa que “os outros não estão tão fracos como isso, o que acontece é que o FC Porto está melhor, só isso”.

Como o presidente portista está satisfeito com a equipa, naturalmente foi-lhe perguntado se Jesualdo Ferreira vai continuar a orientar o plantel. “Na altura própria as pessoas saberão, mas sempre vos digo que ele está cómodo e eu também”.

“Para já estou motivado para continuar no cargo que ocupo para o qual fui reconduzido nem há um ano. Depois se verá. Vítor Baía é um bom nome para quando eu me retirar, mas é apenas um, porque há mais. E continuo a dizer que não vou indicar nenhum nome. Isto não é nenhuma monarquia. Os sócios é que vão escolher entre os nomes que lhes surgirem”.

Pinto da Costa terminou a entrevista com uma alusão à Selecção Nacional que vai disputar o Euro’2008 e ao seleccionador nacional. “Toda a gente diz que estou zangado com ele. Não é verdade. Cumprimentamo-nos quando nos vimos. Simplesmente por vezes questiono as suas opções. O facto de ter deixado o melhor guarda-redes da Europa de fora das opções para o Euro’2004 pode ter-nos custado a vitória no torneio. Agora, um treinador que tem na sua equipa jogadores como Cristiano Ronaldo, Deco e Quaresma pode sonhar com tudo”.


Manuel Tavares no OJOGO:

Na hora H



Bem poderia Pinto da Costa ter um daqueles dedos que adivinham que certamente não teria escolhido melhor hora que a do Jornal da Noite de ontem na SIC para uma entrevista em que as suas opiniões sobre o futebol e o FC Porto acabaram banalizadas pelos comentários aos métodos de investigação e processuais da equipa da Procuradoria-Geral da República liderada por Maria José Morgado, inserindo-os numa guerra Norte-Sul cuja denominação foi buscar, imagine-se!, à boca de Pinto Monteiro.

Num quadro em que escassas horas antes se tinha demitido o director da Polícia Judiciária do Porto por se sentir desautorizado com a equipa (de Lisboa) nomeada pela Procuradoria-Geral da República para investigar os crimes da noite do Porto e a escassas horas de o "Expresso" publicar uma entrevista em que Pinto Monteiro afirma pretender acabar com a guerra Norte-Sul no aparelho judiciário, Pinto da Costa rematou certeiro: Serei eu a bola desta guerra?

Numa espécie de resposta à questão que levanta a entrevista do procurador-geral ao "Expresso" de hoje, Pinto da Costa recordou o caso Casa Pia para falar das diferenças com o caso Apito Dourado. E foi directo ao marido de Maria José Morgado por ter sido ele a avisar Ferro Rodrigues de que tinha sido envolvido, um episódio que, de resto, obrigou António Costa a deslocar-se a casa de Saldanha Sanches para se inteirar da situação.

Com o mesmo método de ser independente em causa própria, Pinto da Costa recorreu a colunas de opinião assinadas por Miguel Sousa Tavares e ainda por Joana Amaral Dias no sentido de procurar evidenciar que a procuradora Maria José Morgado optou por reabrir processos contra ele (no âmbito do Apito Dourado mas que tinham sido arquivados) com base no livro de Carolina Salgado, o mesmo testemunho que não foi considerado idóneo para levar a autora como ré à barra do tribunal no caso Bexiga. E neste aspecto tanto Miguel Sousa Tavares como Joana Amaral Dias não poderiam ser mais acutilantes quando levantam a hipótese de o caso da agressão a Bexiga ter sido arquivado para salvar a testemunha Carolina no quadro dos processos que seguem contra o presidente do FC Porto.