sexta-feira, setembro 22, 2006

Um lampião contra o Traficante

Jacinto Lucas Pires no DN:


Agora, sim, é oficial: Luís Filipe Vieira é, outra vez, candidato à presidência do Benfica. A "revelação" estava reservada para o programa Grande Entrevista na RTP1 (ontem à noite), mas já todos sabiam o que ia sair dali. A encenação já estava mais do que montada.Primeiro, o presidente vem dizer que não está agarrado ao lugar, que "ninguém é eterno", etc, no que soa a desesperado pedido por uma "vaga de fundo". Passado pouco tempo, mil e quinhentos "notáveis" fazem-lhe o favor e aí está ela, a tal "vaga", implorando ao salvador Vieira que fique mais um mandato. Depois, vende-se a ideia de que o ex-presidente do Alverca é o único benfiquista capaz de dar garantias à banca. E, por fim, tenta-se insuflar um mini-suspense aproveitando uma entrevista televisiva em horário nobre e formato "de estadão"...

E, no entanto, é óbvio que Vieira não está à altura do cargo que ocupa numa instituição com a grandeza do Benfica. Será, com certeza, um empresário de sucesso e alguém com boas ligações aos bancos, e só de má-fé se pode dizer que o seu mandato não teve aspectos positivos, mas, sejamos francos, falta-lhe tudo o resto: o discernimento, a estrutura e a visão exigíveis a um presidente do Glorioso. Já para não falar da sua escolha para o futebol, o director Veiga, que, sentado no banco dos suplentes, só dá azar.

Assim, venho propor outro candidato: Rui Costa. Lanço o nome como provocação, claro, porque tenho tendência para desconfiar de unanimismos moles de última hora, mas também como sério desafio. Acho sinceramente que, vaidades e politiquices à parte, era o melhor que podia acontecer ao nosso clube. Rui Costa, como todos sabemos, não é apenas um benfiquista de coração e provas dadas, mas alguém que junta carácter e inteligência, sabe muito de futebol, tem bons contactos e uma experiência internacional do máximo prestígio. É, além disso, uma figura unificadora entre os benfiquistas e um verdadeiro líder, dentro e fora do campo. A vaga de fundo desejável agora era uma vaga das "bases" a favor de Rui Costa. Um movimento de grande expressão que conseguisse convencer o nosso 10 a tornar-se presidente-jogador. Porque também fora dos relvados são necessárias mudanças essenciais, esta devia ser a hora do maestro.