quarta-feira, março 23, 2005

Optimismo ortodoxo



Optimismo: a crença de que tudo é bonito, incluindo o que é feio. Ora, com um bocadinho de imaginação e uma dose muito razoável de optimismo é possível encontrar aspectos positivos nesta temporada do FC Porto. Desde logo porque, ao contrário do que aconteceu com as últimas duas épocas, esta abre excelentes perspectivas de crescimento para o futuro. Depois da conquista da Liga dos Campeões, da Taça UEFA, de dois títulos de campeão nacional e de uma Taça de Portugal, depois de literalmente ter tocado o Céu, o FC Porto só tinha mesmo por onde descer.
Era de prever que voltasse à terra e ao convívio com os restantes mortais, mas não deixa de ser surpreendente a forma como literalmente se despenhou, esborrachando-se estrondosamente contra o chão para só parar muito perto do Inferno. Um desastre sublinhado pela fragilidade cristalina da concorrência directa. A forma como os portistas espremeram até à última gota a enorme margem de erro que um dos piores campeonatos dos últimos anos lhes proporcionou é verdadeiramente assustadora. Afinal, há uma diferença enorme entre ser ultrapassado e deixar-se ultrapassar.
Há um ano, precisamente à passagem da 26ª jornada, o FC Porto contava 68 pontos, mais 23 do que os que regista agora. Mas, para perceber exactamente até que ponto esta mediocridade se estende transversalmente a todo o campeonato, basta sublinhar que o actual líder, o Benfica, ocupava há um ano atrás a terceira posição com 54 pontos, mais três do que os que regista actualmente.
Ora, é a seis pontos deste líder que se encontra o bicampeão nacional e campeão europeu em título, o que nos remete para o optimismo de que se falava no início desta prosa.
Afinal, depois desta temporada, depois dos 22 pontos perdidos em casa, depois dos três treinadores em meia dúzia de meses, depois de batidos vários recordes negativos e mesmo que a revalidação do título ainda não esteja definitivamente fora de questão, o FC Porto já não tem muitas opções: Um optimista ortodoxo diria que subir é a única alternativa, mas como costumam dizer os mais cépticos, só a descer é que todos os santos ajudam.


Agressivo
Passivo

Benni McCarthy foi expulso do jogo de Alvalade por ter dado uma cotovelada na zona da anca em Rui Jorge quando o jogador do Sporting estava confortavelmente sentado sobre as suas costas. João Ferreira não teve dúvidas em ver ali uma agressão grosseira, expulsando o sul-africano que a Comissão Disciplinar (CD) da Liga prontamente suspendeu por três jogos, a bem do jogo. Curiosamente, este é o mesmo João Ferreira que não reparou no atropelamento de Costinha por Flávio Meireles, no jogo da Taça de Portugal entre o FC Porto e o Guimarães que ditou o afastamento dos portistas daquela prova. Costinha perdeu os sentidos, sofreu um traumatismo craniano, mas João Ferreira não viu nada de errado com esse lance.


Perspectivas
Meio cheio, meio vazio

É curioso verificar que os mesmo 45 pontos que desde o jogo de Alvalade parecem ter afastado definitivamente o FC Porto da corrida pela revalidação do título chegam e sobram para colocar o Sporting assanhadamente no encalço do Benfica. É a velha questão da garrafa de uisque: para o dono da casa está meio vazia, para as visitas está meio cheia.

Jorge Maia no Ojogo