terça-feira, fevereiro 10, 2004

Intelectuais da Treta atacam Mourinho

Aqui está uma resposta à altura:

Do Blog:

http://matamouros.blogspot.com/


Comentar uma prosa de EPC não é uma tarefa simples. Muitas vezes tenho sentido essa tentação, mas domino-a por a considerar redundante.

Afinal, EPC incarna a razão fundamental de estarmos aqui - se atentarem bem ao texto do nosso "estatuto editorial" (em cima, à esquerda) verificarão que o "MOURO" que aí descrevemos é a figura de EPC - com eventual exclusão da parte que se refere à «superstição mascarada de religião». Mas, tudo o mais assenta-lhe como uma luva. Donde, dar "Santiago nele" seria uma redundância, pois já o fazemos sempre que postamos sobre qualquer tema.

EPC tem alguma razão quando advinha que Mourinho não é português. Não é, de facto, um português de agora. Pelo contrário, EPC é-o. Na perfeição.

Mourinho é um lutador. E um vencedor. Tudo o que é conseguiu-o com vontade, com garra. Até ser considerado o melhor do mundo, arrostou com o desdém dos instalados. Contra as dificuldades valeu-se de si. Fez-se a si mesmo, com o seu esforço. Não gosta de perder. Nem de empatar.

EPC representa o seu contrário. Fala e não faz. Não luta e não faz. Não ganha e não faz. Adora empatar. Esteve sempre na crista da onda. Onde era política e intelectualmente correcto estar. De tanto se tentar parecer com o que está, tornou-se na imagem adiposa e caduca do status.

Quando EPC vê uma dificuldade, adula-a. Perante uma réplica, consensualiza. Para ele, todos têm razão e a razão só pode estar com ele. É socialista, perante os socialistas. Foi comunista quando isso era um penacho. Foi cavaquista quando tal lhe concedeu mordomias. Até já se atreveu a dizer-se liberal (não vá o Diabo tecê-las...).

EPC é culturalmente omnipresente e antropologicamente intemporal. Ele é um modo intransponível de se ser português. Usa as suas crónicas para propagandear os seus "amigos" (que o premeiam, que o premeiam!). Foi descrito por Eça quando imaginou o "Dâmaso". Foi pontapeado por Camilo sempre que desprezou alguém. Nesse tempo "ele" era maioritário, hoje abusa da sua posição dominante no mercado.

Ele é o eterno seguidista com vagos fumos de sabedoria e muitas peneiras. Ele é o inevitável basbaque que assegura ter previsto o acidente depois deste ter acontecido. Ele é o inteligente de serviço das barbearias de província. Que insinua, mas nunca afirma. Que sentencia, mas nunca é frontal.

Ele é, sobretudo, a inveja. A dor aguda em observar a vitória dos outros. Conseguida sem compadrios mascarados de "solidariedade", sem urdiduras, nem intrigas. Ele é o paradigma da falência do nosso carácter colectivo. Por isso, EPC reina nos tempos que estão.

Também por isso, tantos portugueses se sentiram vingados e bovinamente felizes quando EPC aviltou José Mourinho, hoje, nas páginas do Público.