sábado, dezembro 31, 2005

Últimas do ano

Crónica de José Manuel Ribeiro no OJOGO:

Entreposto

Por pouco que as notícias sobre uma eventual transferência de Lucho González tenham de verdadeiras, possuem o suficiente para ilustrar o problema kafkiano das boas equipas europeias que não têm um mercado a suportá-las. O FC Porto pode ganhar a Liga dos Campeões, se calhar até duas vezes numa década, mas precisaria de um oceano de gemada e de um quadro de jogadores ainda mais vasto (e abonado) do que o actual para gerar em tempo útil os trinta milhões de portugueses imprescindíveis para enfrentar os quarenta milhões de espanhóis, os cinquenta milhões de ingleses, os sessenta milhões de italianos e os oitenta milhões de alemães que vêem televisão, bebem Coca Cola, usam fatos de treino e lavam a cabeça com champô.

Não há grandes clubes, há grandes mercados. É por isso que o próximo investimento a anunciar por Luís Filipe Vieira terá de ser na engenharia genética: para cumprir a promessa de fazer do Benfica o maior do Mundo, só logrando o muito ambicionado cruzamento entre o "homo benfiquista" e o coelho. Não basta incluir subrepticiamente no KIT Novo Sócio um frasco de Viagra disfarçados de amendoins e um exemplar daquela memorável Maxmen com a Marisa Cruz.

Sendo isto tão evidente, não sei como poderia o FC Porto, ou outro qualquer de tamanho semelhante, evoluir para outra coisa que não seja o célebre e muito subestimado entreposto de jogadores. De que outra forma chegaria Lucho González ao campeonato português? E quais são as receitas alternativas? Os futebolistas mais em conta enchem melhor os estádios? Convencem as televisões a engordar os cheques? Se Lucho fosse, eventualmente, vendido por uma soma superior a dez milhões de euros e o FC Porto duplicasse a verba investida, não teria valido a pena? Sem dúvida, seria de lamentar que se fosse embora tão cedo, mas só um idiota lamentaria que tivesse vindo.

POR EXEMPLO

"Acho que o FC Porto fez uma bela contratação"

Tinga sobre Anderson


No PATO:

Diogo Valente é já praticamente jogador do FC Porto, embora a "papelada" que vai consagrar isso mesmo seja assinada apenas no início de Janeiro. E até talvez ele só vá para o seu novo clube no final da época, pois o desejo de jogar o Europeu de Sub-21 a isso obrigará, com certeza: no Bessa tem muito mais possibilidades de ser titular do que no Dragão.

Chumbita Nunes já há algum tempo negociou Moretto, por 500 mil euros, com o Benfica, Benfica que (apesar de tudo) pagou ao Setúbal 100 mil euros por José Fonte. Nada mau.
PS.: O FC Porto é que, pelo visto, nunca esteve interessado no guarda-redes sadino, que vai ganhar 75 mil euros líquidos/mês na Luz, e José Fonte 25 mil.


Há muita coisa interessante, e curiosa, no meio (para não variar...) da Arbitragem.
Estranhamente, um dos assistentes nomeados para o recente Benfica-Nacional - Eduardo David - foi substituído, sem qualquer tipo de explicação, por José Luís Melo, conhecido em certos meios como o "benfiquista de Valongo"...