sexta-feira, novembro 04, 2005

Koeman e não bufem

Aqui vai um comentário para todos os gostos. Quem quiser pode entendê-lo como mais uma censura a Adriaanse; quem não quiser, está autorizado a ver nele um pequeno argumento em defesa do holandês. A base é o onze do FC Porto, ou melhor, a falta de bases no onze do FC Porto. De uma época de reconstrução para outra época de reconstrução, dos jogadores utilizados regularmente sobram Baía, Bosingwa, Pedro Emanuel e Quaresma na equipa titular. Quatro jogadores, nenhum deles do meio-campo e um (Bosingwa) adaptado a outra posição. A conclusão obrigatória é que não se aproveitou nada do trabalho anterior - e é neste ponto que o pessoal aí em casa (em casa seja de quem for, bem entendido) pode escolher:

a) foi Adriaanse que não quis dar continuidade e isso foi um erro;

b) Adriaanse não quis dar continuidade e isso não foi um erro;

c) não sobrou nada a que dar continuidade.

Arrumado este pressuposto, atentemos à comparação que é feita entre Adriaanse e o compatriota Koeman. O primeiro está em segundo lugar no campeonato, depois de ter defrontado as três equipas que o acompanham à cabeça da prova, e tem menos um ponto na Liga dos Campeões. Perdeu em Milão e não ficaram dúvidas de que a responsabilidade foi dele. O segundo está no quarto lugar do campeonato. Quando perde em casa para a Liga dos Campeões, usando cinco titulares da época passada (em seis possíveis), do meio-campo para a frente, a culpa é do guarda-redes dos juniores? A culpa é de um jogador que só lá está porque alguém no Benfica arriscou a dispensa do terceiro guarda-redes, num acto de gestão que pelos vistos não merece qualquer censura? Sem querer defender Co Adriaanse, até porque seria incoerente fazê-lo depois de comentar algumas decisões inexplicáveis que tomou, não vejo por que razão um treinador que herdou um meio-campo e um ataque quase intactos, que apesar disso está a ter uma prestação desportiva pior do a que do compatriota e que foi, pelo menos, cúmplice na economia de um terceiro guarda-redes no plantel, há-de merecer um tratamento menos severo ou passar por mais competente. A não ser que o pobre Rui Nereu também tivesse a missão de marcar golos.


O ESTRATEGA
Portugal, país de estúpidos

Já agora, não seria mau pôr mais vezes os olhos em José Veiga. No Estádio do Dragão, depois do clássico, insistiu em falar à Imprensa num local - vigiado por seguranças - em que o FC Porto nunca permitiria a presença de jornalistas, com intenções que só ele poderá explicar; agora, constatou que a Liga não teve pressa suficiente em agendar uma assembleia geral para emendar regulamentos de forma a permitir ao Benfica a inscrição de um guarda-redes fora de época e desistiu da contratação. Ou melhor, desistiu do quê? Ia contratar um guarda-redes por duas semanas com o dinheiro dos 230 mil kits que não vendeu? E a Liga não deixou, foi? Às vezes, a Liga é tão mázinha. E o José Veiga tão espertinho. E nós, os outros portugueses todos, tão estúpidozinhos.


José Manuel Ribeiro in Ojogo