terça-feira, dezembro 28, 2004

Os homens ervilha



José Manuel Ribeiro in Ojogo


Pinto da Costa devia ser um nome, mas é um número. Se o nome nem sequer tem direito ao benefício da dúvida - e já há vinte anos não tinha -, o número não dá hipótese de contestação. O que aqui fica diante dos olhos de toda a gente ultrapassa em muito o Inferno de Dante que nos tem sido contado em fascículos por Dias da Cunha e tantos outros livres pensadores antes, durante e atrás dele.

Se o sistema explica os campeonatos ganhos, explicará também a Taça UEFA, a Liga dos Campeões, as quatro finais europeias?

E se for a razão desses êxitos, justificará aqueles dos infantis, juvenis e juniores?

Seria pedir muito que esclarecesse ainda a hegemonia no hóquei em patins, nascida do zero absoluto?

Caso esclareça, servirá de fundamento para os triunfos do FC Porto no hóquei em patins internacional, que são muitos?

Para o domínio mais recente no andebol?

No básquete, pelo menos, com toda a certeza. E a provar que o sistema é anfíbio, que outro segredo poderia haver para a natação?

Ainda bem que não precisamos de um exército de árbitros extraterrestres, nascidos como ervilhas em vagens descomunais, para explicar estas duas últimas décadas do desporto português. O sistema é mais razoável. Pinto da Costa será como diz a mitologia, um mestre do crime, cujos tentáculos se estendem por todas as áreas e dimensões, mas convenhamos que um mestre do crime genial, um megacampeão dos mestres do crime.

Isto, claro, se fosse bem educado chamar criminoso às pessoas, mesmo tendo bons indícios de que esta dirige um exército de árbitros-ervilha, vindos da constelação de Centauro em terrinas voadoras para dar ao FC Porto o domínio do Mundo. E, quem sabe, da Avenida dos Aliados.